[A viagem] começa duzentos anos antes do seu nascimento, ou seja, mais ou menos sete gerações antes, e, depois, a pouco e pouco, avança rumo ao presente. O objectivo é inocular no coração do viajante a humildade e a compaixão, a tolerância pelos seus semelhantes. O jovem encontrará centenas de antepassados e, desse modo, toda a gama de possibilidades humanas passará diante dos seus olhos, todos os números da lotaria genética comparecerão à chamada. O viajante compreenderá que descende de um imenso caldeirão de contradições e que, na sua linhagem, há mendigos e loucos, santos e heróis, estropiados e criaturas de uma beleza imaculada, almas boas e criminosos violentos, altruístas e ladrões. Esta exposição a tantas e tão variadas vidas num tão breve espaço de tempo leva-o a ganhar uma nova consciência de si mesmo e do seu lugar no mundo. O viajante vê-se a si mesmo como parte de algo que é maior do que ele, e vê-se a si mesmo como um indivíduo específico, inconfundível, um ser humano único, ímpar, com um futuro próprio, insubstituível. Compreende, finalmente, que o único responsável pela pessoa que ele é, é ele mesmo.
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