31.3.06

Balada para a Trégua possível

6.

Andorinha secreta de um verão,
que só nós dois sabemos, te revelas.
De que longínqua e solitária estrela
vieste iluminar-me o coração?

De que planeta ainda inominado?
De que mistério astral, corpo solar,
patagónia celeste, ignoto mar,
provém o teu perfil sereno e amado?

Daniel Filipe

29.3.06

Balada para a Trégua Possível

5.

Que sinal tua mão
ergueu, fácil, no escuro?
Que pressago ou impuro
simbolismo pagão

Que mistério odiado
no teu corpo imaturo!
Nem pressago ou impuro
rósea chaga do lado.

Daniel Filipe


24.3.06



A dualidade do género nos meandros da definição do Ser masculino e do ser Feminino, o sentir-se homem, o sentir-se mulher, o sentir-se Homem. O importante é existir.

20.3.06

Balada para a Trégua Possível

4.

Um amor como este
não pede mar ou praia:
somente o vento leste
erguendo a tua saia.

O resto é o futuro
além, à nossa espreita:
doce fruto maduro
na hora da colheita.

Daniel Filipe

17.3.06

Balada para a Trégua Possível

3.

Uma cigarra (obrigatório tropo!)
canta, em teus seios pousada.
uma réstea de vida. Um quase nada.
Musical e alada
discípula de Esopo.

Daniel Filipe

16.3.06

Balada para a Trégua Possível

2.

Em teu macio olhar repousa o meu.
E na face polida assim formada
se reflecte e recria o próprio céu.

Daniel Filipe

14.3.06

Balada para a Trégua Possível

1.

Esta é a trégua possível, merecida,
gerada no teu ventre de mulher.
Beijo, adiado, a tua face, vida!
E deixo, livre, o coração bater.

Daniel Filipe