30.12.04

Gatonima

De Gaia a Gatonima, mas não importa que se muda de nome, o que é relevante é que se esteja presente.

Para além dos comentários não necessitarem mais de ser anónimos, a Gatonima tem agora a possibilidade de colocar os seus textos no Tiribé. Contamos com isso, ansiosamente.

28.12.04

leituras em férias

PATAGÓNIA EXPRESS, de Luís Sepúlveda, escritor chileno, recorre a apontamentos de viagens para compilar um livro dividido em quatro partes: Apontamentos de uma viagem a lado nenhum, Apontamentos de uma viagem de ida, Apontamentos de uma viagem de regresso e Apontamentos de Chegada.
Segundo o autor, trata-se de apontamentos que ficaram nos recantos da estante, uns rabiscados, outros pessimamente dactilografados e que encerravam “a tentativa de compreensão do sentido da condição de homem e a compreensão do sentido da condição de artista”.
Sepúlveda convida-nos a acompanhá-lo “numa viagem sem itinerário fixo, junto de todas aquelas pessoas estupendas que aparecem com os seus nomes, e de quem tanto aprendi e continuo a aprender.” É uma dessas histórias que aqui transcrevemos.

A norte de Manantiales, povoado petrolífero da Terra do Fogo, levantam-se as doze ou quinze casas de uma calheta de pescadores chamada Angostura. As casas são habitadas apenas durante o curto Verão austral. Depois, durante o fugaz Outono e o longo Inverno, não são mais do que uma referência na paisagem.

Angostura não tem cemitério, mas tem uma pequena sepultura pintada a branco e virada para o mar. Nela descansa Panchito Barria, um menino falecido aos onze anos. Em todo o lado se vive e se morre – como diz o tango “morir es una costumbre” -, mas o caso de Panchito é tragicamente especial, porque o menino morreu de tristeza.

Antes de fazer três anos Panchito teve uma poliomielite que o deixou inválido. Os pais, pescadores de San Gregorio, na Patagónia, atravessavam todos os verões o estreito de Magalhães para se instalarem em Angostura. O menino viajava com eles, como um vulto amoroso que permanecia colocado nuns cobertores a olhar para o mar.

Até aos cinco anos Panchito Barría foi um menino triste, insociável, e quase nem sabia falar. Mas um bom dia ocorreu um desses milagres habituais no sul do mundo: uma formação de vinte ou mais golfinhos austrais apareceu durante Angostura, deslocando-se do Atlântico para o Pacífico.

Os naturais do lugar que me contaram a história de Panchito afirmaram que, mal os viu, o menino soltou um grito dilacerante e que, à medida que os golfinhos se afastavam, os seus gritos aumentavam em volume e desconsolo. Finalmente, quando os golfinhos desapareceram, da garganta do menino saiu um guincho agudo, uma nota altíssima que assustou os pescadores e espantou os cormorões, mas que fez regressar um dos golfinhos.

O golfinho permaneceu diante de Angostura durante todo aquele Verão. E quando a proximidade do Inverno ordenou que abandonasse aquele lugar, os pais de Panchito e os outros pescadores comprovaram com assombro que o menino não manifestou o menor indício de pena. Com uma seriedade inaudita para os seus cinco anos, declarou que o seu amigo golfinho tinha de partir, pois de outra forma seria apanhado pelos gelos, mas que no ano seguinte regressaria.

E o golfinho regressou.

Panchito mudou, tornou-se um rapaz loquaz, chegou a brincar com a sua condição de inválido. Mudou radicalmente. As suas brincadeiras com o golfinho repetiram-se durante seis verões. Panchito aprendeu a ler e a escrever, a desenhar o seu amigo golfinho. Colaborava, como os outros meninos, na reparação das redes, preparava lastras, secava mariscos, sempre com o seu amigo golfinho a saltar na água, realizando proezas só para ele.

Certa manhã no Verão de 1990 o golfinho faltou ao encontro diário. Alarmados, os pescadores procuram-no, rastrearam o estreito de ponta a ponta. Não o encontraram, mas tropeçaram num barco-fábrica russo, um dos assassinos do mar, navegando muito perto da segunda angustura do estreito.

Dois meses depois Panchito Barría morreu de tristeza. Extinguiu-se sem chorar, sem balbuciar uma queixa.

Eu visitei o seu túmulo, e dali olhei para o mar, para o mar cinzento e agitado do Inverno incipiente. O mar onde até há pouco retouçavam os golfinhos.

in SEPÚLVEDA, Luis, Patagónia Express, edições ASA, 12.ª edição, pp. 100-102

25.12.04

PRENDA DE NATAL

(a pedido de alguns amigos que tiveram a oportunidade de saborear o lírio na passada 5.ª feira, aqui se partilha a receita. As quantidades foram definidas a posteriori, pois isto de cozinhar implica sempre improviso)


LÍRIO ASSADO PARA OS AMIGOS

Ingredientes:

1 lírio q.b. para o número de amigos que vamos receber
2 cebolas
2 cabeças de alho
1 garrafa de vinho branco
400 gr de tomatada
água
1 ramo de salsa
150 gr de manteiga
sal grosso


Modo de fazer:

Vai-se ao mercado do peixe pela manhã para podermos escolher o peixe ideal nas valências tamanho, espécie e frescura. Manda-se escamar, cortar as barbatanas e a cabeça e fazer uns cortes no sentido transversal. Paga-se e leva-se para casa.

Coloca-se o peixe no tabuleiro ou travessa de ir ao forno e tempera-se com o sal, introduzindo-o nos cortes e em volta. Deixa-se repousar até à hora de ir ao forno.

Descascam-se e cortam-se as cebolas às rodelas e descascam-se e cortam-se os dentes de alho em lâminas.

Antes de ir ao forno, barram-se os cortes com metade da manteiga e introduz-se-lhes o alho. Coloca-se o resto da manteiga aos cubos, a cebola e a salsa no interior do peixe e à sua volta. Dissolve-se a tomatada com metade do vinho e junta-se-lhe.

Leva-se ao forno a assar.

Junta-se o restante vinho a igual quantidade de água e guarda-se para ir regando o peixe, à medida que o molho evapora.

Quando estiver assado retira-se do forno e serve-se de imediato acompanhado com batata doce - essa receita será aqui colocada pela Luna.


Boas Festas!!

21.12.04

19.12.04

No estaleiro

O Sábado prometia passar-se em beleza - umas visitas a amigos e familiares, um passeio com a princesa, o céu azul, a calmaria e a possibilidade de um filme pela noite dentro -, mas um movimento irreflectido em faro apurado a pastilha elástica alterou a tarde e o dia seguinte.

Oito pontos no lábio e um ar de miss piggy.

17.12.04

Fazedores de opinião

Há muitos que se crêem fazedores de opinião, possivelmente todos nos consideramos e somos fazedores de opinião - basta termos opinião -, mas até onde chegam as opiniões que são diariamente, hora a hora, minuto a minuto, lançadas para o espaço, seja ele blogsfera, televisão, jornais, rádio ou directamente para o(s) nosso(s) interlocutore(s)?

Fazem cair governos? Interferem nos índices per capite dos países? Aumentam o bem estar das populações? Diria que só alguns, muito poucos. Os restantes falam para si próprios e nem sei se se convencem.

8.12.04

Feriados e compras

Portugal é um dos países da Europa com mais feriados. Já foram feitas algumas tentativas para alterar esta situação mas não passaram disso, pois não é fácil retirarem-se ao povo ditreitos adquiridos e quando se trata de medidas anti-populares qualquer governo perde a coragem.

Em 2004, muitos destes feriados coincidiram com o fim-de-semana, mas este mês foi excepção e proporcionou-nos duas semanas com feriados à Quarta-feira, dividindo a semana a meio. Aliviou, e de que maneira, o stress do trabalho, principalmente para aqueles que tinham a secretária cheia após umas férias revigorantes.

Os que aproveitam este dia para se iniciarem na corrida das compras do Natal estarão amanhã, seguramente, mais estafados do que se tivessem ido trabalhar regularmente. Para esses o meu conselho - comprem as vossas prendas ao longo do ano, aproveitem, por exemplo, as férias para adquirirem algo de diferente para os vossos entes queridos.

6.12.04


Classe ao ar livre Posted by Hello

5.12.04

Finalmente consigo blogar

Após alguns dias a tentar resolver o problema que me inibia escrever no Tiribé, eis que consegui ultrapassar o erro com uma completa actualização do Windows XP - pack 2. Cada vez sou mais adepta das novas tecnologias.