30.1.05

Viagem à Namíbia (III)

Formalismos

O visto para Angola, o seguro de viagem, as vacinas, o roaming, a reserva de moeda estrangeira e a compra do vestuário e equipamento adequados ocuparam-me grande parte do tempo livre nas semanas que antecederam a partida.

A obtenção do visto para Angola foi demorada, antecipando o ritmo do país que viemos a encontrar depois. Na ida ficaríamos em trânsito no aeroporto de Luanda, na vinda contávamos visitar a cidade durante 3 dias. Eram necessários, deste modo, 2 vistos de entrada, com pagamento em duplicado. Para os conseguirmos tornava-se necessário prestarmos provas de desafogo financeiro, com a fotocópia de extractos de contas bancárias ou cartões de crédito, uma carta convite de um residente naquele país, 2 fotografias, uns quantos euros e 3 impressos bem preenchidos. De início, a agência informou-nos que nos passavam o visto sem que fosse necessário remeter o passaporte para a embaixada angolana em Lisboa, mas depois vieram a concluir que este era necessário para o afixarem e lá os remetemos um pouco em cima da hora, com algum receio que já não fosse a tempo. Desconheço ainda de quem foi o lapso.

O seguro de viagem foi feito a pensar nalgum problema de saúde ou de bagagens que pudesse ocorrer. Uma companhia de seguros só o queria fazer com maior proximidade da partida – não o fez, fui a outra. Não sei se eram verdadeiramente instruções superiores ou pouca vontade do funcionário. Qual o problema em fazer um seguro com alguma antecedência quando na apólice é definido o prazo de seguro e itinerário? Na segunda companhia houve mais profissionalismo e rapidez no atendimento, após se ter verificado que a Namíbia não constava na lista negra dos países para os quais ou nem se responsabilizam em fazer seguros ou então, imagino, os prémios custam os olhos da cara.

Houve ainda que ir a uma consulta de medicina tropical na delegação de saúde de Angra, onde me foram prescritos o reforço da vacina do tétano, a vacina da febre amarela (obrigatória para entrar em Angola), as vacinas para as hepatites A e B e o medicamento para a profilaxia da malária - o primeiro comprimido tem de ser tomado 7 dias antes de se dar início à viagem e os seguintes são tomados precisamente de 7 em 7 dias, tendo que se dar continuidade ao tratamento durante duas semanas após o regresso.

Para poder estar acessível à família por telefone, tratei do roaming do telemóvel (com um cartão só do conhecimento de 2 ou 3 pessoas para não ser incomodada), contudo, apesar de tais precauções só tive acesso a chamadas para a rede fixa e ao serviço de mensagens - um assunto que a TMN, através da PT, não me soube informar correctamente. Ainda foi necessário passar de cartão recarregável a contrato para se obter este serviço tão pouco disponível e encarecido pelo facto de não ser possível efectuar chamadas para a mesma rede.

A moeda oficial da Namíbia é o dólar namibiano, que está indexado ao rand sul-africano, sendo este usado no país a par da moeda nacional, pelo que houve que arranjar os rands com alguma antecedência – um euro vale 7,5 dólares/rands. Para Angola eram necessários dólares americanos, sendo ainda esta a moeda forte do país.

28.1.05

A ver estrelas

As XII Jornadas pedagógicas de educação ambiental da ASPEA, que decorrem na Ericeira, de 27 a 29 deste mês, incluíram no seu programa uma actividade de astronomia, na noite de ontem, que nos permitiu, não só assistir a uma interessantíssima palestra proferida pela Dr.ª Rosa Duran, do NUCLIO, mas também observar astros. Vimos a superfície lunar com as suas crateras, o planeta Saturno com os seus anéis, Orion, o enxame aberto M 41 e ainda, muito ao longe, uma outra galáxia.
Foi uma fantástica noite de estrelas.

27.1.05

Céu azul

Prometeram-nos temperaturas abaixo de zero, numa onda de frio vinda do Norte, contudo essas promessas não se concretizaram e temos uma temperatura abaixo do habitual mas suportável e um céu azul límpido e fabuloso.
Às vezes faz-nos bem sair da ilha e gozar este ar seco, leve e azul profundo.

25.1.05

A minha achega para 6.ª feira

Compromissos profissionais obrigam-me a estar ausente na próxima 6.ª feira. Levo o portátil comigo e conto manter-me em linha, mas não é a mesma coisa. Para poder participar na escrita da nossa mais que querida obra de duas palavras, aqui vão umas sugestões rabiscadas à hora de almoço:
- Encontrar formas de descrever cansaço, desalento, desilusão, ruptura, raiva (para se inserirem na última parte, antes dos 2 últimos versos).

24.1.05

Adivinha

Quem é que já veio hoje 6 vezes ao blog e não colocou nada? Isto é o que se chama estar à coca para ver se há novidades. Eu já fiz a minha tarefa de fim-de-semana, agora aguardo por um poema ou uma crónica por parte dos colegatos.

22.1.05

Viagem à Namíbia (II)

Reservas

Os preparativos da viagem foram feitos com muita antecedência, levaram mais tempo do que me é habitual, mas foi muito agradável. Foi a viagem antes da viagem pelo guia do lonely planet, pelos artigos publicados nos jornais e revistas e pela net, na busca do safari que nos levasse aos melhores lugares, pelo preço mais adequado às nossas disponibilidades de tempo e dinheiro, das mais directas e seguras ligações aéreas, dos alojamentos mais em conta mas com condições de higiene e privacidade, e das instruções sobre o que levar e cuidados de saúde a ter.

A escolha do safari a fazer foi demorada. O guia que possuíamos e as páginas web enumeravam uma vasta série de operadores que organizam safaris para diversos locais do país, com tipos de alojamento e transporte muito díspares e com durações diferentes. A escolha teria essencialmente de congregar estas 3 premissas – data, preço e locais a visitar. Optámos por um safari de 7 dias com a Wilddog safaris – 7 Day Northern Adventure , não que não nos sentíssemos atraídas por outras que incluíam viagens de avião, alojamentos em bangalós e serviço de muitas estrelas, contudo os locais a visitar eram quase sempre os mesmos. Iria ser um safari em carrinha ou pequeno autocarro, com alojamento em tendas de campismo e refeições fornecidas pela empresa, preparadas na altura com a nossa colaboração – um acampamento de deitar cedo e cedo erguer na zona norte do país com passagem pela savana, parque Etosha, deserto do Namib e costa dos esqueletos.

São várias as companhias aéreas que voam para Windhoek. Para além da empresa nacional Air Namibia, há a angolana Taag, a alemã LTU International Airways, a sul-africana South African Airways, e a britânica British Airlines, voando estas últimas através de Cidade do Cabo ou Joanesburgo. Optámos pela TAP, por podermos contabilizar os pontos, por ser mais directo e para visitarmos Luanda. Procedemos, com a antecipação de cerca de 2 meses, à reserva do voo TAP para os trajectos Terceira, Lisboa, Luanda (11 de Novembro) e volta (28 de Novembro), na Air Namibia para o troço Luanda/Windhoek e na TAAG para o voo Windhoek/Luanda em code-share com a Air Namibia.

A escolha do alojamento teve a ver essencialmente com o preço e a proximidade do centro da cidade. Excluídos os hotéis, são os albergues os locais ideais para nos alojarmos – não são caros, possuem quartos individuais, duplos e camaratas; dispõem, normalmente, de um pequeno-almoço abundante; possibilidade de nos servirmos da cozinha; salas de convívio diversas e um ambiente multicultural despreocupado, de partilha de informações sobre o local. Por tudo isto, optámos por reservar alojamento, pela net, no Chameleon Backpackers.

20.1.05

Noite das amigas ou o triunfo d ...

Apresentador do telejornal: (...) reinado feminino, as mulheres mandam os homens para a cama ou lavar a roupa. (...) o jornalista imbuído num mar de perfume feminino
...
Apresentador do telejornal: vou perguntar ao nosso jornalista se o 6.º sentido feminino está apurado e recomenda-se
...
Repórter: dizem alguns que a noite delas é bem pior que a noite deles
...
Dono do restaurante: temperos afrodisíacos
...
Dono do restaurante: a madrugada vai chamar pela parte mais exótica das mulheres
...
Dono do restaurante: 10 bailarinos, várias coreografias, vários trajes, etc.
...
Repórter: Tudo pode acontecer com imagens destas e ornamentação a condizer com a noite
...
Repórter, para empregado de mesa: O que é que sente neste dia?
...
Apresentador do telejornal: as mulheres libertam energias acumuladas
...


Nota:
Tinha decidido escrever qualquer coisa sobre o dia das amigas, apesar de ainda ter em mente uma crónica da Claúdia Cardoso, há uns 2 ou 3 anos, no Diário Insular, e de ter consciência que nunca poderia fazer melhor, quando, na RTP-Açores, ao ouvir o telejornal, me deparei com uma notícia a propósito e respectiva reportagem directa de um restaurante de Ponta Delgada, que me resolveram o problema - e de que maneira! Conseguiram dizer tudo, muitíssimo obrigada a eles!


Margarida Quinteiro
(desta vez faço questão de não aparecer só o pseudónimo)

Voltei

Cheguei ontem mas o trabalho aborve-me o tempo todo, para além do dentista e dos compromissos familiares. Não há mais nenhuma outra razão para não dar sinal - prometo tentar escrever alguma coisa à noite.

Os meus parabéns à família Melo pelo Rafael, que, afinal, não é só nome de computador.

16.1.05

Bowling for Columbine

Aqui fica a correcção do título do documentário de Michael Moore. Visionámo-lo na 6.ª feira e, apesar de sabermos antecipadamente do que se tratava, ficámos estupefactos com a violência. Segundo o autor, é o MEDO o grande causador da violência nos Estados Unidos da América. É devido a esse medo que se andam a matar uns aos outros. O país formou-se e cresceu fundado no medo, principalmente no medo que os brancos têm dos pretos.

Esta poderá ser uma resposta, mas não necessariamente a única. Estive lá um ano após o 11 de Setembro e percebi que eles estavam mortinhos de medo - a história continua a não os ajudar, só se o país inteiro começar a fazer terapia.

Viagem à Namíbia (I)

Vou com este post dar início ao relato da minha última grande viagem – Namíbia e Luanda-, realizada em Novembro de 2004. Não sei ao certo quantos posts serão, vou tentar que tenha periodicidade semanal, e garanto-vos que vou até ao fim. Servir-me-ei das notas que tirei no meu caderno preto de capa dura, das mais de 900 fotos e das muitas recordações que guardo na memória. Passados 2 meses do início da mesma, creio que é o tempo certo para lembrar o essencial e ainda não ter esquecido algum acessório.

O país

Nunca tinha ido a África, nem a Marrocos, como grande parte dos portugueses, e os relatos daquele continente entusiasmavam-me a visitá-lo. Era, ainda, o único continente onde não tinha estado, com excepção da Antárctica, daí a opção, em parte influenciada por um projecto de férias adiado da minha companheira de viagem.

Recordo-me que quando ela me falou pela primeira vez, há cerca de 2 anos, na Namíbia, e me pediu para pesquisar na net sobre passagens para a capital daquele país, tive dificuldade em perceber o nome da capital – Windhoek. É que a Namíbia é um daqueles países sobre o qual ninguém fala, não abre telejornais, não está em guerra, como grande parte dos países africanos, e os seus habitantes não morrem de fome.

Vários artigos escritos sobre o país descreviam-no como “a África que resulta” pela sua organização, limpeza, desenvolvimento e paz. Parecia ser o país certo para iniciar o meu contacto com o continente negro. Não estava muito interessada em passar umas férias stressantes pela presença de fome, doença, desarrumo, confusão e sujidade, da maior parte dos países africanos e asiáticos. É que já lá estive, na Ásia, e irei certamente voltar, são excelentes destinos de férias, mas desta vez queria ir a um lugar onde não me sentisse mal por poder gozar de bem estar, enquanto os locais passam necessidades. Desta vez, queria esquecer que o mundo não é ainda um bom lugar para viver para a maioria dos povos. Queria apreciar o calor de África, o cheiro de África, a vastidão de África, o pôr-do-sol de África, sem remorços.

A Namíbia é um vasto e jovem país na costa atlântica africana, a sul de Angola e a norte da África do Sul. Em 1884, declarado por Bismarck um protectorado alemão (Sudoeste Africano) e conquistado pela África do Sul durante a I Guerra Mundial, os namibianos iniciaram em 1966 a luta pela sua libertação com o movimento SWAPO, confrontando-se com a África do Sul, o que levou à independência do país em 1990.

O país ocupa 825,418 km², possui uma população de 1 800 000 habitantes (2 pessoas por km²), sendo destes 86% africanos, 7.4% mestiços e 6.6% brancos e as línguas predominantes são o inglês, afrikaans, alemão e herero.

14.1.05

Amos Oz

Fiquei curiosa em relação ao autor de O Mesmo Mar e aqui estão 2 links para a sua biografia e bibliografia:

edições asa
jewishvirtuallibrary

13.1.05

actividades para o encontro semanal

  1. Documentário Bowling for Columbine de Michael Moore - visionamento
  2. Livros lidos, recebidos e oferecidos recentemente - partilha
  3. Sri Lanka e Tailândia - memórias

12.1.05

Poesia com doces, doces poemas ou a arte de brindar os amigos

No "relatório" das actividades da última 6.ª feira limitei-me aos sabores vindos do norte e omiti a prenda com que todos nós fomos brindados pela Luna. Realmente a referência não tinha cabimento naquele parágrafo, visto tratar-se de algo que não foi saboreado na altura, mas o carinho com que o fez e o que fez tem de ser realçado.

A Luna trouxe-nos umas compotas fabulosas, a julgar pela que me coube com poema de Florbela Espanca. O doce de abóbora com o côco dá-lhe um sabor único e, garantidamente, ela soube escolher de acordo com o meu gosto - não muito açucarado.

As mãos pressentem...

As mãos pressentem a leveza rubra do lume
repetem gestos semelhantes a corolas de flores
voos de pássaro ferido no marulho da alba
ou ficam assim azuis
queimadas pela secular idade desta luz
encalhada como um barco nos confins do olhar

ergues de novo as cansadas e sábias mãos
tocas o vazio de muitos dias sem desejo e
o amargor húmido das noites e tanta ignorância
tanto ouro sonhado sobre a pele tanta treva
quase nada

AL BERTO

11.1.05

Euforia

cai neve no cérebro vivo do imaculado - dizem
que estes milagres só são possíveis com rosas e
enganos - precisamente no segundo em que a insónia
transmuda os metais diurnos em estrume do coração

dizem também
que um duende dança na erecção do enforcado - o fulgor
dos sémenes venenosos alastra no brilho dos olhos e
um sussurro de tinta preta aflora os lábios
fere a mão de gelo que se aproxima da boca

o vómito da luz ergue-se
das palavras ditas em surdina

a seguir vem o sono
e o miraculado entra no voo dos cisnes
o dia cansa-se
na brutalidade com que a voz se atira contra as paredes
abrindo fendas
em toda a extensão das veias e dos tendões

quando desperta com o crepúsculo
o miraculado olha-nos fixamente e sorri
dá-nos uma rosa em forma de estilete - fechamos os olhos
sabendo que este é o maior engano
da eternidade


AL BERTO (1948-1997)
Horto de Incêndio

ESCREVO-TE A

ESCREVO-TE A sentir tudo isto
e num instante de maior lucidez poderia ser o rio
as cabras escondendo o delicado tilintar dos guizos nos sais de
prata da fotografia
poderia erguer-me como o castanheiro dos contos sussurrados
junto ao fogo
e deambular trémulo com as aves
ou acompanhar a sulfúrica borboleta revelando-se na saliva dos
lábios
poderia imitar aquele pastor
ou confundir-me com o sonho de cidade que a pouco e pouco
morde a sua imobilidade

habito neste país de água por engano
são-me necessárias imagens radiografias de ossos
rostos desfocados
mãos sobre corpos impressos no papel e nos espelhos
repara
nada mais possuo
a não ser este recado que hoje segue manchado de finos bagos
de romã
repara
como o coração de papel amareleceu no esquecimento de te
amar

AL BERTO (1948-1997)
O Medo

9.1.05

Sabores vadios

O gato Vadio trouxe-nos uns sabores fabulosos lá da terra - alheira, queijo de ovelha, chouriço de sangue e vinho tinto do Douro – Encostas da Vilariça, produzido pela Adega Cooperativa de Vila Flor, com 13%vol., produzido a partir das castas Tinta Roriz, Tinta Barroca e Touriga Franca, estagiado em barricas de carvalho francês. Acompanhámos com pão de milho e bolo lêvedo e acrescentámos outro vinho tinto, desta vez alentejano, reserva de 2001, Casa dos Zagalos, produzido na Quinta do Mouro, com uma graduação de 14% vol. Acabámos com outro tinto, também alentejano de 2001, Dom Rafael, produzido na Herdade de Mouchão, a partir das castas Aragonez, Trincadeira e Alicante Bouchet. A fermentação ocorre em lagares, com pisa a pés, com estágio em tonéis de carvalho. Os 12,5% vol que possui já foram mais do que suficientes.


Serviram-se, ainda, durante o serão, saudáveis gargalhadas.

6.1.05

O próximo encontro na toca

Depois de duas semanas em que estivemos ausentes da toca dos gatos, temos de preparar convenientemente o nosso regresso com uma agenda em cheio. Para amanhã proponho:
  • Os livros que nos ofereceram e que nós oferecemos pelo Natal
  • A construção da lombada do "Castos Mantos" (alerta-se para a necessidade da Luna levar o bambu)
  • Continuação da escrita do mesmo

(aguardam-se sugestões)

4.1.05

Relax III



Não estavas à espera desta, pois não? Aguarda pelo relax IV.

1.1.05

Relax I



Já descobri como colocar fotos de forma mais simples. Vou mandar o Hello dar uma volta ao recycle bin.

Terramotos e Maremotos

Entramos em 2005 com a memória da recente tragédia no Sudeste Asiático e com a constatação de que pouco podemos fazer por aqueles que se viram rapidamente privados de familiares, habitação, vestuário e bens esenciais à sua sobrevivência, a não ser uma transferência para uma das contas bancárias das organizações nacionais ou internacionais que se propõem ajudar no terreno.

Hoje faz precisamente 25 anos que passámos por uma experiência semelhante mas sem as consequências catastróficas do que agora ocorreu, contudo foi o suficiente para sabermos avaliar os impactes da tragédia. Dessa experiência vivida no terreno retenho acima de tudo a solidariedade, a amizade e a entreajuda que surgiu tão rapidamente quanto o sismo.

O blog da ajuda com muita informação sobre o tsunami:
http://tsunamihelp.blogspot.com/