14.2.05

Viagem à Namíbia (VIII)

Dan Vijlion

De tempos a tempos vem a chuva, o céu continua com nuvens, a temperatura é amena, mas ainda não me apeteceu vestir uns calções. A época das chuvas, decididamente, já começou. No Norte poderá estar mais seco e menos chuvoso, dentro de 2 dias iniciamos o safari, esperemos que a chuva nos permita dormir nas tendas. Claro que esperava mais sol e mais céu azul, mas não há melhor escola do que a da experiência. Estamos no hemisfério sul e não no Equador e agora o tempo é mesmo assim. Garantem-me que antes de chegarmos esteve um calor insuportável, é difícil de acreditar.


Depois de uma manhã luminosa, a navegar durante 25 minutos na net, a ler e a escrever postais, almoçamos por perto, no KFC, e seguimos de táxi para o parque Dan Vijlion, a cerca de 25 km da cidade para oeste, pelo preço de 2 x N$90. Partimos às 14:00 e o táxi regressa para nos apanhar às 18:00. Simpáticos e correctos estes taxistas. A entrada no parque custa N$30 por pessoa e depois seguimos a nossa caminhada, por vezes interrompida pela chuva, até uma barragem completamente seca. A paisagem é praticamente sempre igual, se bem que a planície tenha dado lugar a elevações de xisto e de granito com várias espécies árvores e arbustos. Se em vez destas crescessem oliveiras e sobreiros, estaríamos no Alentejo. Não era bem desta paisagem que estava à espera mas é porque não olhei bem para as fotos da savana.

O trilho por onde seguimos, de 1,5 km, está muito bem marcado com setas brancas pintadas nas pedras e nos marcos em madeira, segue o leito de uma ribeira seca, ladeada de abundante vegetação, onde sobressaem as variadas espécies de acácias. As aves escolheram-nas para fazerem os seus ninhos, que pendem dos ramos como novelos de lã. Vemos, pela primeira vez, um animal de grande porte, um antílope sul-africano, e muitas muitas aves, consta que mais de 200 espécies podem ser observadas aqui.

A meio do percurso deparamos com um cemitério em estado de abandono. As placas gravadas indiciam que foi usado pela última vez na década de sessenta, os que lá repousam são essencialmente de origem alemã.

O Domingo é um dia pacato, não há movimento na cidade, nem no parque, apesar de estarmos à espera de muita animação, pois no lonely planet vem referido que este é um local escolhido pela população da capital para piqueniques no fim-de-semana. O ruído de fundo de crianças a brincar numa piscina chega-nos aos ouvidos.

No albergue há um jovem casal de alemães que viaja há mais de uma ano à volta do mundo. Estarão de regresso a casa pelo Natal, depois de terem passado 15 meses na Tailândia, Vietname, Austrália, Nova Zelândia, Argentina, Brasil, África do Sul e Namíbia, entre outros países. Não viajaram durante 3 anos para pouparem dinheiro e quando o arranjaram despediram-se dos empregos, compraram um bilhete relativamente barato que lhes permitiu ir a todos os continentes e seguiram viagem. Ficam em alojamentos económicos (na América do Sul até nem foi necessário, dado os preços baixos em relação ao euro), cozinham a sua própria comida e alugam um carro, quando não há melhor meio de transporte, ou compram, como foi o caso da Austrália e Nova Zelândia, e voltam a vendê-lo, até com algum lucro. Antes de regressarem vão até à Tanzânia trabalhar num projecto duma ONG durante 3 semanas. Ela já tem garantida a substituição de uma colega por alguns meses no seu anterior trabalho e ele também já assegurou uma entrevista com o antigo patrão. Parece que as preocupações dos familiares em relação à perda dos anteriores empregos não se justificaram.

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