12.2.05

Viagem à Namíbia (VII)

A capital

O dia continua triste. O céu está quase sempre coberto de nuvens, chove de vez em quando e não prima pelo calor. Após o pequeno-almoço – torradas, compota, ovo cozido, chá, cereais, fruta -, saímos até ao centro, quando há uma aberta e temos o primeiro contacto com a cidade – pequena, limpa, asseada até. É Sábado, o movimento vai-se extinguindo à medida que se aproxima a uma da tarde e as lojas fecham.


Passeamos pelas ruas, fazemos o circuito sugerido pelo lonely planet mas algumas ruas mudaram de nome, agora figuram nomes de líderes africanos, contudo ainda se encontram muitas a terminar em strasse. Subimos até a um pequeno monte e avistamos a cidade com alguns prédios altos, mas a grande maioria possui poucos andares. As casas das redondezas estão protegidas dos avanços dos assaltantes. Os muros ou grades estão encimados com arame farpado e cerca eléctrica. Nota-se que há medo mas não nos apercebemos de nada estranho, as pessoas têm bom ar, não se vê muita polícia pela rua. Suponho até que os níveis de violência são bastante baixos, mas a proximidade da África do Sul e da violência que por lá grassa leva-os a estas precauções. Que sei eu? Acabei de chegar.


Decidimos ir almoçar ao Luigi & the fish, um restaurante muito conceituado que nos aconselharam em Luanda. Pomo-nos a caminho e rapidamente nos apercebemos que fica fora da cidade, em Klein Windhoek, mas continuamos, faz bem caminhar. O restaurante é muito grande, com uma ampla esplanada, mesas compridas de madeira e bancos, parece uma cervejaria alemã, apesar do nome italiano. A ementa é muito variada - entradas, tapas, peixe, camarão, galinha, carne de vaca e porco, caça, carneiro, saladas, sobremesas, menus para crianças, vegetarianos, etc. Um restaurante que serve, essencialmente, nouvelle cuisine.

No regresso, apanhamos um táxi e perguntamos ao taxista se ouviu a previsão meteorológica, quando vai deixar de chover, e ele responde-nos que será no próximo ano, em Junho, que vivem das chuvas, que é bom para as terras. A chuva veio na altura certa, nós é que não, mas não está a ser desagradável, temos a vantagem de não necessitarmos de protector solar, nem de repelente de insectos, por enquanto. Felizmente trouxemos alguma, pouca, roupa quente e sapatos resistentes. Não há nada como aprendermos à nossa custa. Habituados ao Verão seco, os europeus surpreendem-se que a época das chuvas seja no Verão por estas paragens, mesmo que o tenham lido repetidamente em vários lugares.


À tarde visitamos o Museu Nacional da Namíbia (Alte Feste) - um edifício que remonta a 1890 e que contém peças e fotos do período colonial, assim como artefactos indígenas, e dá grande destaque à luta da independência da Namíbia -, os Jardins do Parlamento, passamos pelas igrejas principais e pelas ruas principais da baixa - parece que num relance ficamos a conhecer toda a cidade.


No regresso ao albergue adquirimos o jantar num supermercado, que têm mais variedade de produtos do que os de Angra, e compramos postais para mandar aos amigos. Viemos, definitivamente, para a Europa em África. Que bom, ou não, para este povo.

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