10.2.05

Viagem à Namíbia (VI)

O primeiro contacto


O aeroporto de Windhoek, com o nome do político
Hosea Kutako, situa-se a cerca de 40 km para norte da capital e não terá sido difícil construí-lo – a terra é plana, até parece que lhe passaram uma espátula. A aerogare é pequena, possui uma única passadeira para recolha de bagagens mas é moderna e asseada. Cá fora, os motoristas de carrinhas que fazem a ligação do aeroporto à capital e os taxistas oferecem transporte de uma forma delicada, sem pressões. Propõem o preço de N$100 por passageiro com partilha com outros passageiros ou N$250 por táxi para 2 pessoas. Vamos até à cidade partilhando o táxi com um senhor francófono, vindo igualmente de Luanda.

A paisagem, agora de perto, parece ter mais vegetação. As estradas estão muito bem asfaltadas, sinalizadas e riscadas. Conduz-se à esquerda, como na África do Sul - influência inglesa.

O céu está cinzento. Contávamos com mais sol, céu azul, calor.


Ao chegar ao albergue cai uma primeira bátega, pouco depois vem a trovoada. O recepcionista chama-se Joel e é um jovem muito bem disposto e brincalhão. Logo que se apercebe que somos portuguesas fala no Euro 2004, na selecção portuguesa, no Figo. Um hóspede angolano, artista de vários engenhos, residente em Windhoek, fala-nos em português.

Instalamo-nos no quarto espaçoso pintado a ocre, decorado com mantas africanas e escurece rapidamente. Garantem-nos que o tempo tem estado quente e limpo, mas é difícil acreditar. Saímos da chuva nos Açores e entramos na chuva, contudo é mais seco do que lá.

Aconselham-nos a ter cuidado na rua, a não darmos nas vistas como turistas, a evitar a ostentação de máquinas fotográficas, mochilas ou tudo o que possa evidenciar dinheiro e artigos de qualidade. Afixam avisos com muito humor por todo o albergue a avisar-nos para nos precavermos dos amigos do alheio. Deste modo, não saímos para jantar, pois não sabemos muito bem qual a distância do restaurante mais próximo. Encomendo uma salada grega que chega 45 minutos depois.


O albergue é muito simpático, possui várias esplanadas, um bar junto à piscina, recantos mobilados com artefactos rústicos, muitas estatuetas de madeira e lata, jardins cuidados e uma atmosfera cosmopolita. Os que já cá estão a algum tempo fazem-se de casa, transportam-nos os sacos e dão-nos alguns conselhos. Vê-se televisão ao ar livre, joga-se bilhar e toma-se um copo enquanto se espera que chegue o jantar e a hora de adormecer. Um sul-africano de Durban é o mais falador, vem todos os meses a Windhoek, negoceia em carros – compra-os no seu país, condu-los até cá, vende-os por bom preço, conseguindo lucros de mais de 30% e regressa de avião. Chegámos à terra das oportunidades.

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