Safari - Dia 5
Aprox. 3,5hrs (250 km)
Acampamento no parque Damaraland
Os acontecimentos ocorrem em catadupa e o tempo livre para a escrita é tão pouco que nem dá para actualizar o diário. À noite, após o jantar, recolhemos às tendas e a fraca luz da lanterna junto com o cansaço convidam unicamente a uns arrumos no saco e ao revigorante sono.
Hoje não tivemos de nos levantar muito cedo, mas logo que chegaram os primeiros raios de sol acordámos. Muitos subiram ao morro para fotografar a paisagem ao nascer do sol.
Tomamos o pequeno-almoço sob a vigilância de duas jovens da aldeia que visitámos ontem e depois de guardarmos o equipamento seguimos viagem em direcção a Damaraland com paragem numa pequena aldeia para nos abastecermos. Entro num supermercado e deparo com os produtos das multinacionais que também vendem na minha terra. Já lá vai o tempo em que entrar num supermercado no estrangeiro nos confirmava que estávamos noutro país e tínhamos dificuldade em encontrar os produtos, agora não, a globalização existe mesmo e as grandes empresas exportam e produzem em todos os continentes, com destaque para os fabricantes de produtos de higiene. Já não dá gozo procurar por entre os coloridos rótulos quais são as melhores bolachinhas do mercado.
Atravessamos a ponte sobre o rio Huab, um dos maiores do país, que de momento está seco, e tentamos seguir viagem desviando-nos da rota programada para vermos elefantes, contudo mais à frente não conseguimos passar porque há um enorme charco que poderá atolar os veículos. A vegetação é cada vez mais escassa, as pedras predominam e parece que nos aproximamos a passos largos do deserto.
Chegamos ao parque de campismo pela hora do almoço. Creio que estamos no dia mais quente de toda a viagem. Como não há árvores as tendas são montadas debaixo de toldos, o espaço é exíguo para podermos proteger-nos do calor, vamos praticamente dormir uns ao lados dos outros, espero que não ressonem muito durante a noite.
Almoçamos e saímos de novo para uma visita ao aeródromo para que alguns possam desfrutar de um voo por estas paragens, contudo o tempo não permite que o avião levante e voltamos para trás, vamos até às margens de um rio à procura de elefantes, mas como o nível da água subiu temos de avançar por ele dentro a pé.
As pedras não são simpáticas para quem não está habituada a andar descalça, mas é seguramente uma das melhores sensações desta viagem, um momento que não vou esquecer – de mochila às costas, calções, sapatilhas a tiracolo, chapéu na cabeça, rio acima, água quente, uma vegetação abundante nas margens e um rebanho de cabras a pastar.
Dirigimo-nos de seguida até Twyfelfontein para observar as pinturas e gravuras na pedra arenosa (arenito). A famosa arte rochosa (rock art) que se encontra por todo o país e que aqui possui uma das suas maiores galerias. Muitas delas têm mais de 6000 anos e remontam à Idade da Pedra. Foram executadas por caçadores que retractaram os animais que ali se podiam encontrar mas que hoje já não habitam o local – elefantes, rinocerontes, girafas e leões. Nesta galeria há mais de 2500 gravuras. Subimos e descemos por entre as rochas de cor de tijolo, descortinamos quais os animais que estão gravados, tiramos e posamos para as fotografias, estamos felizes. Que bom é estar nesta terra de céu azul, calor intenso, dias grandes, de férias, e o trabalho lá longe, muito longe, numa ilhota no atlântico norte, cheia de nevoeiro, humidade, frio e dias minúsculos. Não me apetece voltar.
As formações rochosas desta paisagem são espectaculares, o parque de campismo, mesmo sendo pequeno é um mimo e preparamo-nos para o nosso último jantar em acampamento. Servem-nos o que de mais típico se come nesta terra – churrasco de carne de vaca e enchidos acompanhado com pirão, abóbora-menina e molho de tomate. A sobremesa é tarde de maçã.
Eu e Josh, a espanhola, levamos quase todo o serão a falar dos nossos animais de estimação.
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