20.5.04

Rotina

A Luísa ainda não conseguiu entrar no Tiribé - são recusas a mais, portas que se entreabrem mas voltam a fechar, nomes que não são aceites, palavras-passe que não coincidem... É um emaranhado muito pouco poético para quem prefere lidar com as palavras de outro modo. Assim sendo, eu faço-lhe este pequeníssimo favor, que até é um prazer, e coloco mais um poema do nosso querido Júdice. Para os que apreciam menos este poeta, e para não pensarem que não conheço mais nehum, prometo diversificar nos próximos dias.


ROTINA

Ao abrir a janela do quarto para outras
janelas de outros quartos, ao veres a rua que desemboca
noutras ruas, e as pessoas que se cruzam, no início da
manhã, sem pensarem com quem se cruzam
em cada início da manhã, talvez te apeteça
voltar para dentro, onde ninguém te espera. Mas
o dia nasceu - um outro dia, e a contagem do tempo
começou a partir do momento em que
abriste a janela, e em que todas as janelas
da rua se abriram, como a tua. Então, resta-te
saber com quem te irás cruzar, esta manhã: se
o rosto que vais fixar, por uns instantes, retribuirá
o teu gesto; ou se alguém, no primeiro café que
tomares, te devolverá a mesma inquietação
que saboreias, enquanto esperas que o líquido
arrefeça.

Nuno Júdice

1 comentário:

Anónimo disse...

Tenho uma sugetão para conversarmos amanhã; gostaria muito que discutíssemos o conceito de MUSEU.
1. Que é um Museu?
2. Que pode ser um Museu?
3. Museu/Centro Cultural
4. Etc.
Conto com a preciosa ajuda da gata especialista, que estava um deslumbre na inauguração da expoMADURODIAS.
A propósito: que chique! Tão cosmopolita! Confesso: fiquei impressionado!