10.
Tão próxima a colheita!
Tão afável o dia!
(Um gnomo verde espreita
tua figura esguia).
Tão claro e manso o rio!
Tão distante o horizonte!
(Um véu de névoa e frio
veste de espanto o monte).
Tão próxima a partida!
Tão cedo para a morte!
(A secreta ferida
da vária, esquiva sorte).
Tão para pouco o amor!
Tão solitário o medo!
(Entre o mar e a flor,
desvendo o teu segredo).
No seio do fruto estás,
sorridente e igual.
Quase humano e animal
ansioso de paz.
Igual e sorridente,
permaneces ainda
no seio da trégua finda.
E tudo é diferente.
Mais lúcido o metal
das espadas coroa
a divina pessoa
que em ti, serena e igual,
espera desde criança,
no país ocupado,
o som claro e doirado
da trombeta da esperança.
Daniel Filipe
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