19.8.04

Aí vai um pouco do sarau de aniversário

Há uma lua nesta manhã de luz.

Custa-me acordar, porque me custa sair de mim, voltar ao exterior, ao dia demasiado azul, ao barulho, ao sol sem tempo.
Mas esta manhã, há algo semelhante à noite, ao silêncio, ao teu rosto dentro do meu rosto e é segura – a manhã - para passar à festa de ti.
A lua está já a cair, mas recorta o céu, sobrancelha horizontal, no teu rosto oval. E dói-me sair do calor nu onde me aninho – mãe da madrugada. E curvo-me, a apanhar o silêncio com que faço o itinerário de todos os dias. Como quem apanha frutos para matar a fome. Para matar o tempo que falta queimar. Para matar a morte.

Sou obrigada à rotina da água, à roupa, à rua.

Luísa Ribeiro

13.8.04

gata aniversariante

Solicita-se autorização à gata aniversariante para colocar no Tiribé um cheirinho do recital de nós 4 - o 10.º segredo.

12.8.04

Parabéns a você nesta ...

... data querida, muitas felicidades, muitos anos de vida para a nossa querida companheira gata, cujo pseudónimo não me consigo lembrar, dado que é um daqueles bichos que nunca se conseguiu registar no Tiribé. Adiante ...

Lá estaremos nós os 4 hoje à noite com o 10.º segredo.

Beijinhos. Miauuuuuuu!

4.8.04

La donna delle Azzorre

"La donna delle Azzorre" - A Senhora dos Açores - da italiana Romana Petri, obra editada em Portugal pela Cavalo de Ferro, localiza a sua trama na ilha do Pico, e será certamente uma excelente leitura de Verão. O Pico está lá todo em toda a sua grandeza de lava, gentes, espaço e cheiros.

Romana Petri esteve recentemente nos Açores e falou da sua escrita. Os livros surgem-lhe como uma urgência, da necessidade imediata de os escrever, pelo que não se força a fazê-lo. Assim surgiu A Senhora dos Açores no decurso de uma viagem à ilha do Pico onde se tinha deslocado para, num local calmo, tentar adiantar um romance que tinha entre mãos há cerca de 3 anos. A urgência de escrever esta história fê-la interromper o romance e em poucas semanas surgiu a obra que veio a ser premiada pela crítica italiana com o Prémio Grinzane Cavour para a narrativa italiana, em 2002.

Segundo a autora, uma das características da sua obra é a musicalidade. Ela tenta criar frases musicais e escreve um livro com a intenção da frase poder ser cantada. Tal característica poderá dever-se ao facto de o pai ter sido um cantor lírico e desde muito nova ouvir música, principalmente melodrama, e isso marcou-a ao ponto de tentar sempre cantar as frases dos seus textos.


"Una donna italiana, umbra e insegnante di francese, approda sull’Isola di Pico, nelle Azzorre. Il suo soggiorno è una lenta progressione dello smarrimento dell’anima, dell’alienazione dalla realtà esterna. Abbandonandosi alle suggestioni di un paesaggio straordinario ed esotico e di un popolo a lei estraneo, la protagonista si perde, distaccandosi dai canoni della civiltà occidentale. Vive in uno stato quasi allucinato che trova complicità nell’infinità del mare, nella vegetazione triste e selvaggia dell’Isola. La sofferenza dell’anima sembra quasi proiettarsi e trasfigurarsi sia nell’ampiezza del paesaggio, sia nel vibrante dettaglio dei fiori e dei sassi. Isola e anima diventano un’unica cosa, luogo geografico e metafora esistenziale allo stesso tempo. Realtà e fantasia si compenetrano e l’anima della scrittrice (e quindi la scrittura stessa) passa da esplosioni di felicità iridescente a un vuoto cupo e senza soluzione. Ma una soluzione c’è, come una trama e per quanto suggestivo e fuorviante, questo romanzo approda a una conclusione netta, che non lascia spazio a interpretazioni.
"La donna delle Azzorre (Piemme editore) è l’opera di un’autrice, italiana, Romana Petri, fra le più stimate. E che meglio riesce a rendere sulla pagina gli aspetti più ambigui dell’animo umano. Una lettura che ci distacca dalla quotidianità per trasportarci su altre terre, su altri stati d’animo."


Alberto Grandi