10.
Tão próxima a colheita!
Tão afável o dia!
(Um gnomo verde espreita
tua figura esguia).
Tão claro e manso o rio!
Tão distante o horizonte!
(Um véu de névoa e frio
veste de espanto o monte).
Tão próxima a partida!
Tão cedo para a morte!
(A secreta ferida
da vária, esquiva sorte).
Tão para pouco o amor!
Tão solitário o medo!
(Entre o mar e a flor,
desvendo o teu segredo).
No seio do fruto estás,
sorridente e igual.
Quase humano e animal
ansioso de paz.
Igual e sorridente,
permaneces ainda
no seio da trégua finda.
E tudo é diferente.
Mais lúcido o metal
das espadas coroa
a divina pessoa
que em ti, serena e igual,
espera desde criança,
no país ocupado,
o som claro e doirado
da trombeta da esperança.
Daniel Filipe
Fórum independente vocacionado para a discussão de ideias e promoção de todo o género de eventos culturais e de intervenção cívica.
Os gatos reunem todas as Sextas-feiras, na Miragaia, em Angra do Heroísmo.
17.4.06
13.4.06
Balada para a Trégua Possível
9.
Como açucena, abre-se o teu rosto
por sobre o doce, tímida paisagem:
serena imagem
na manhã de Agosto.
Como magnólia, vertes o perfume
das tuas ancas sobre o pinheiral:
ávido fume.
casto e sensual.
Como pinho selvagem, te recebo
e amo no chão de areia ensolarado:
ingénuo efebo
deslumbrado.
Daniel Filipe
Como açucena, abre-se o teu rosto
por sobre o doce, tímida paisagem:
serena imagem
na manhã de Agosto.
Como magnólia, vertes o perfume
das tuas ancas sobre o pinheiral:
ávido fume.
casto e sensual.
Como pinho selvagem, te recebo
e amo no chão de areia ensolarado:
ingénuo efebo
deslumbrado.
Daniel Filipe
6.4.06
Balada para a Trégua Possível
8.
Em tuas mãos obreiras nascem flores.
Em teu sexo germinam alvoradas.
manhãs de outono sem clarões de espadas
riso, perfumes, cores.
Daniel Filipe
Em tuas mãos obreiras nascem flores.
Em teu sexo germinam alvoradas.
manhãs de outono sem clarões de espadas
riso, perfumes, cores.
Daniel Filipe
4.4.06
Balada para a Trégua Possível
7.
E, de novo, nos damos, nos propomos
como pássaros livres e seguros
de pertencer-lhes o sabor dos pomos.
Daniel Filipe
E, de novo, nos damos, nos propomos
como pássaros livres e seguros
de pertencer-lhes o sabor dos pomos.
Daniel Filipe
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